terça-feira, julho 17, 2007

Voltamos no tempo. Para um momento na segunda semana de abril, há 9 anos atrás.
A tarefa era simples. Escreva uma redaçãosobre o descobrimento do Brasil. Quinze linhas. Fácil. Ela nunca tivera dificuldades para escrever textos. Não uma, mas ao menos três idéias originais brotaram em sua mente no momento. Sugeriu duas delas às amigas. E guardou para si a que mais lhe agradava. (Sabe como é, mesmo aos 9 anos de idade, não era imune ao egoísmo)
Ainda na escola, na hora do recreio, sentou-se para escrever.
Do ponto de vista da caravela. Um poeminha. Simples. Mas agradável.
Dois dias depois, a hora da verdade. Só esperava um sorriso da professora quando esta lhe entregasse a nota. Nada mais.
Não só não obteve o sorriso como também ouviu algo inesperado.
O poema já existia! Datava da infância de sua professora. Ela não entendeu do que estava sendo acusada. Não tinha como imaginar. Mas estava sendo acusada de plágio.
Duas frases depois, duas insinuações depois, percebeu, entendeu.
Sem compreender como isso era possível, baixou os olhos para a carteira.
Uma lágrima escorreu por seu rosto e caiu na mesa verde-água. Duas agora.
A professora viu as lágrimas. Interpretou-as como arrependimento.
A amiga ao lado, como vergonha. O amigo ao outro lado, raiva perante a injustiça.
Mas apenas ela sabia que enquanto essas duas lágrimas escorriam, uma promesssa estava sendo feita.
Jamais escreveria um poema novamente. Jamais passaria por aquele momento novamente. Jamais daria razão para ser tão injustamente acusada. Ou tão duramente criticada.
Passou os 5 anos que se seguiram sem escrever um poema sequer.
Passou os 5 anos que se seguiram sem escrever uma linha que não fosse absolutamente necessária.
Mal sabia ela, isso não impediria as acusações injustas. Nem as críticas.

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