sábado, setembro 05, 2009

Antiguidade como mérito

Sim, amigo
E mais uma vez nos aproximamos
Para mais um capítulo de nossa amizade
Livro de retalhos
Sem coerência ou razão de ser
E essa justamente é
A beleza que há em nós
Jamais esperamos mais do que podemos dar
Não somos um para o outro
Nada além do que somos
Não é meu melhor amigo
Nem o mais querido
Sequer o mais parecido
Assim como para você
Nada sou além de mim
Tudo em comum,
Mas nada em comum
Nosso único mérito
É sermos os mais antigos.
Pois é, estranhamente,
Meu mais antigo amigo.
Talvez tenha sido o tempo o culpado
Por apagar todos os meio-tons
Por tornar inúteis as entrelinhas
Por gritar bem alto o que ficaria não-dito
Por romper as barreiras do aceitável
Por tornar escancarada a amizade
E a intimidade.
De você, amigo
Nada peço
Nem mesmo que continue sempre por aqui
Peço apenas que volte vez ou outra
Apenas para uma cerveja
Apenas pelos bons tempos.

Isabelle
05/09/09

Sim, um outro poema sobre um outro amigo. A única diferença é que este, ao contrário do anterior (que eu espero que saiba muito bem o que significa para mim) não faz a menor ideia da importância que tem em minha vida. E continuará sem saber, pois como eu disse, é justamente a ausência de cobranças ou responsabilidades que torna essa amizade importante como é.
Não é o tipo de amizade que você pode contar para o que der e vier, pode ser que você precise e ele esteja ali, pode ser que não, pode ser que esteja sem nem saber que você estava precisando. Mas o que eu posso ter certeza é que sempre irá voltar.

De novo falando de títulos, desse eu gostei um pouco mais. Parece mais um verso que um título (consigo até ver esse verso ali no final "Antiguidade como mérito/ Descompromisso como lema" logo depois de "E a intimidade"). Mas, justamente porque não coloquei esses versos, o título ficou menos previsível.

Nenhum comentário: